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Cintilografia do coração: entenda mais sobre o exame

cintilografia do coração

A frase acima causa ansiedade em muitos pacientes: “O que será que meu médico quer investigar com esse exame? É perigoso? Preciso mesmo fazer?”. A cintilografia miocárdica, também conhecida como cintilografia do coração, é um dos exames mais utilizados na cardiologia moderna para avaliar a circulação do sangue no músculo cardíaco.


Trata-se de um método consagrado, seguro e extremamente útil para diagnosticar e acompanhar diversas doenças do coração, principalmente a doença arterial coronária (DAC), responsável por angina e infarto. De acordo com a Diretriz Brasileira de Cardiologia Nuclear da SBC (2016), a cintilografia miocárdica é considerada um exame de primeira linha em várias situações clínicas [SBC, 2016].


Neste artigo, você vai entender:

  • Como é feito o exame.

  • Para que serve a cintilografia miocárdica.

  • Quais doenças podem ser detectadas.

  • Como se preparar para o procedimento.

  • E, claro, quais cuidados e riscos estão envolvidos.



O que é a cintilografia miocárdica?

A cintilografia miocárdica é um exame de imagem funcional. Isso significa que, diferente de um raio-X ou de uma tomografia, que mostram a anatomia, a cintilografia mostra como o coração está funcionando, mais especificamente, como está a perfusão miocárdica — isto é, se o sangue chega de forma adequada a todas as regiões do músculo cardíaco.

O exame utiliza pequenas quantidades de uma substância radioativa (chamada de radiofármaco, geralmente tecnécio-99m ou tálio-201) que, ao ser injetada na veia, se distribui pelo músculo cardíaco. Uma câmera especial chamada gama-câmara capta essa distribuição e forma imagens que revelam se o coração está recebendo sangue adequadamente.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a cintilografia miocárdica é segura, indolor e de altíssima utilidade clínica【SBC, 2016】.



Como é feita a cintilografia miocárdica?

O exame é dividido em duas etapas principais:

  1. Fase de estresse (ou esforço):

    • Pode ser realizada em uma esteira ou bicicleta ergométrica.

    • Para pacientes que não podem se exercitar, é feita com medicamentos que simulam o esforço (como dipiridamol, adenosina ou dobutamina).

    • Durante o estresse, o radiofármaco é injetado e a câmera registra como o sangue circula no coração sob esforço.

  2. Fase de repouso:

    • Em outro momento (no mesmo dia ou no dia seguinte), o paciente recebe novamente o radiofármaco em repouso.

    • A câmera faz novas imagens, mostrando a perfusão cardíaca em condições de descanso.

A comparação entre as duas fases permite avaliar se existem áreas do coração que recebem pouco sangue apenas durante o esforço (indicando obstrução parcial das artérias) ou áreas que não recebem sangue nem em repouso (indicando cicatriz ou infarto antigo).

Essa análise torna a cintilografia miocárdica um dos métodos mais sensíveis para detectar doença coronária [SBC, 2016].



Para que serve a cintilografia miocárdica?

A utilidade da cintilografia vai além de simplesmente “ver se tem entupimento nas artérias”.


O exame pode responder a várias perguntas importantes no cuidado cardiológico:

  • Avaliação de pacientes com angina: quando o paciente tem dor no peito  não se sabe se a causa é cardíaca.

  • Avaliação de risco: estimar a chance de um paciente sofrer um infarto ou complicações futuras.

  • Indicação de cateterismo: ajuda a decidir se vale a pena investigar com métodos invasivos.

  • Acompanhamento após tratamento: seja após uma angioplastia, colocação de stent ou cirurgia de revascularização.

  • Avaliação da função cardíaca: o exame também pode calcular a fração de ejeção (quanto de sangue o coração bombeia a cada batida).

Segundo o Guideline de Cardiologia Nuclear da SBC, a cintilografia miocárdica é particularmente indicada em pacientes com dor torácica intermediária, em que os exames iniciais não foram conclusivos【SBC, 2016】.



Quais doenças podem ser detectadas?

A cintilografia miocárdica é especialmente valiosa na investigação de doença arterial coronária, mas não se limita a isso. O exame pode identificar:

  • Isquemia miocárdica: quando há redução temporária do fluxo sanguíneo em alguma região do coração.

  • Infarto do miocárdio: mostrando cicatrizes permanentes no músculo cardíaco.

  • Diferença na perfusão entre estresse e repouso: indicando se a obstrução é reversível ou definitiva.

  • Comprometimento difuso do músculo cardíaco, como em casos de miocardiopatia.

De acordo com a SBC, a cintilografia também é útil em pacientes diabéticos assintomáticos, que têm maior risco cardiovascular, e em pacientes antes de cirurgias não cardíacas, quando se deseja avaliar o risco de complicações cardíacas no perioperatório【SBC, 2016】.



A cintilografia miocárdica dói? É perigosa?

Uma das grandes preocupações dos pacientes é se o exame traz riscos. A resposta é: a cintilografia miocárdica é considerada segura.

  • O radiofármaco não causa reações alérgicas significativas e a quantidade de radiação envolvida é baixa, similar à de uma tomografia.

  • Os efeitos colaterais mais comuns ocorrem quando é usado medicamento para simular o esforço, podendo incluir dor de cabeça, rubor ou palpitações — geralmente passageiros.

Segundo a SBC, a taxa de complicações graves é extremamente baixa e os benefícios superam largamente os riscos【SBC, 2016】.



Como se preparar para o exame?

O preparo pode variar de acordo com o protocolo do serviço, mas em geral envolve:

  • Evitar cafeína (café, chá, refrigerantes) por pelo menos 24 horas antes do exame, especialmente se for utilizada adenosina ou dipiridamol.

  • Jejum leve de 3 a 4 horas.

  • Uso de medicamentos: alguns remédios para o coração podem precisar ser suspensos temporariamente, como betabloqueadores, sempre sob orientação médica.

  • Roupas confortáveis para a fase de esforço físico.



Comparação com outros exames do coração

Muitos pacientes perguntam: “Mas por que não fazer logo um cateterismo?” ou “O ecocardiograma não resolve?”.

  • O eletrocardiograma de esforço (teste ergométrico) é mais simples, mas menos sensível em certos casos.

  • O ecocardiograma de estresse avalia a contração do coração durante o esforço, mas pode não detectar isquemias muito pequenas.

  • O cateterismo cardíaco é o padrão-ouro para ver as artérias, mas é invasivo, envolve riscos e nem sempre é necessário de imediato.

Nesse contexto, a cintilografia miocárdica é um exame intermediário, não invasivo, seguro e altamente confiável, ajudando a decidir se o paciente precisa ou não de cateterismo【SBC, 2016】.



Resultados: como interpretar?

Os laudos de cintilografia miocárdica costumam trazer termos como:

  • Normal: fluxo de sangue adequado em todo o coração.

  • Isquemia reversível: falta de sangue ao esforço, mas normal em repouso.

  • Defeito fixo: área de cicatriz ou infarto antigo.

  • Isquemia extensa ou de alto risco: necessidade de tratamento mais agressivo, como cateterismo.

Essas informações ajudam o médico a estratificar o risco do paciente e decidir a melhor conduta, seja ajuste de medicamentos, angioplastia ou cirurgia【SBC, 2016】.


Quando o exame é realmente indicado?

Segundo a Diretriz da SBC, a cintilografia miocárdica é indicada especialmente nos seguintes cenários:

  • Pacientes com dor torácica intermediária e exames inconclusivos.

  • Pacientes com múltiplos fatores de risco cardiovascular (diabetes, hipertensão, colesterol alto, tabagismo).

  • Avaliação de risco em pacientes com doença coronária já conhecida.

  • Pacientes assintomáticos com risco alto, como diabéticos.

  • Avaliação antes de cirurgias de grande porte em pacientes com suspeita de doença coronária【SBC, 2016】.


Conclusão: por que a cintilografia miocárdica é tão importante?

Se o seu médico solicitou uma cintilografia miocárdica, não se assuste. O exame é uma ferramenta essencial da cardiologia, indicada em situações específicas e com potencial de salvar vidas. Ele ajuda a identificar se há áreas do coração em risco de sofrer um infarto, orienta a necessidade de cateterismo e permite um acompanhamento mais preciso do tratamento.

Conforme reforça a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a cintilografia é segura, acessível e tem papel central no diagnóstico e estratificação de risco da doença coronária [SBC, 2016].

Em resumo, trata-se de um exame que combina segurança, precisão e utilidade clínica, sendo um dos pilares da cardiologia moderna.


Ênio Panetti - CRM 52.56781-1


Referência principal

  • Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Brasileira de Cardiologia Nuclear – Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-104.



 
 
 

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