Reganho de peso após dieta, cirurgia bariátrica e uso de análogos do GLP-1: por que acontece e como evitar
- Equipe Ênio Panetti

- 10 de nov.
- 4 min de leitura

O emagrecimento é uma das maiores metas de saúde do século XXI, seja pela busca estética ou pela necessidade de prevenir doenças crônicas como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares. Contudo, um dos maiores desafios enfrentados por quem perde peso é manter o resultado a longo prazo. O chamado reganho de peso é frequente, independentemente do método utilizado: dietas, cirurgia bariátrica ou medicações como os análogos do GLP-1, incluindo o famoso Ozempic.
Neste artigo, vamos explicar por que isso acontece, trazer estatísticas atualizadas e apresentar estratégias práticas para evitar o efeito sanfona.
O que é reganho de peso?
O termo se refere ao aumento do peso corporal após uma fase de emagrecimento bem-sucedido. Ele pode ocorrer em graus diferentes: algumas pessoas recuperam poucos quilos, enquanto outras voltam ao peso inicial ou até ultrapassam esse valor.
Esse fenômeno não é apenas uma questão de força de vontade: existem mecanismos biológicos, hormonais e comportamentais que favorecem o reganho de peso, tornando a manutenção um desafio constante.
Reganho de peso após dietas
Dietas restritivas são um dos métodos mais utilizados para emagrecer, mas também um dos que mais apresentam altos índices de reganho.
📊 Estatísticas
Estudos mostram que mais de 80% das pessoas recuperam o peso perdido em até 5 anos após dietas muito restritivas.
Em alguns casos, o indivíduo pode recuperar até mais peso do que perdeu, fenômeno conhecido como overshooting.
🔬 Mecanismos envolvidos
Adaptação metabólica – Quando a ingestão calórica cai muito, o corpo reduz o gasto energético basal para economizar energia.
Hormônios da fome – A leptina (hormônio da saciedade) cai, enquanto a grelina (hormônio da fome) aumenta, favorecendo maior apetite.
Fatores psicológicos – Restrições extremas podem gerar compulsão alimentar e episódios de descontrole.
💡 Dicas para evitar
Evitar dietas radicais e buscar mudanças sustentáveis no estilo de vida.
Focar em qualidade alimentar, e não apenas em calorias.
Associar dieta a atividade física regular para manter o gasto energético elevado.
Reganho de peso após cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica é um dos tratamentos mais eficazes contra a obesidade, levando a perdas de 20% a 35% do peso corporal em média. No entanto, o reganho de peso também pode acontecer.
📊 Estatísticas
Estudos de longo prazo mostram que cerca de 20% a 30% dos pacientes apresentam reganho significativo (mais de 10 kg) após 5 a 10 anos da cirurgia.
Em até 50% dos pacientes, ocorre algum grau de recuperação do peso, mesmo que parcial.
🔬 Mecanismos envolvidos
Adaptação do trato gastrointestinal – Com o tempo, o estômago e o intestino podem se adaptar, permitindo maior ingestão de alimentos.
Fatores hormonais – Mudanças nos hormônios intestinais que favorecem o emagrecimento após a cirurgia podem diminuir com os anos.
Comportamentais – Consumo de alimentos líquidos e ultraprocessados, ricos em calorias, facilita o reganho.
Sedentarismo – A falta de atividade física reduz o gasto energético e aumenta a chance de recuperar peso.
💡 Dicas para evitar
Acompanhamento contínuo com equipe multidisciplinar (nutricionista, endocrinologista, psicólogo e cirurgião).
Manter atividade física regular.
Evitar álcool e alimentos ultraprocessados, que driblam a restrição gástrica.
Monitorar peso e composição corporal de forma periódica.
Reganho de peso após uso de análogos do GLP-1
Nos últimos anos, medicamentos como a semaglutida (Ozempic, Wegovy) e a tirzepatida (Mounjaro, Zepbound) revolucionaram o tratamento da obesidade. Eles atuam mimetizando o hormônio GLP-1, que aumenta a saciedade, reduz o apetite e melhora o controle glicêmico.
📊 Estatísticas
Estudos clínicos mostram perdas de até 15% do peso corporal com semaglutida e mais de 20% com tirzepatida.
Contudo, quando a medicação é interrompida, até dois terços do peso perdido pode ser recuperado em 1 ano.
Um estudo do Diabetes, Obesity and Metabolism (2022) mostrou que, após parar a semaglutida, pacientes recuperaram em média 11,6 pontos percentuais do peso perdido em 1 ano.
🔬 Mecanismos envolvidos
Perda do efeito medicamentoso – Ao suspender o remédio, o apetite volta a aumentar.
Controle comportamental reduzido – O medicamento ajuda no autocontrole, e sua retirada pode levar ao retorno de hábitos antigos.
Adaptação do corpo – O organismo continua “lutando” para recuperar energia perdida, aumentando fome e reduzindo gasto.
💡 Dicas para evitar
Não suspender a medicação sem orientação médica.
Usar os análogos como parte de um tratamento global, com mudanças no estilo de vida.
Após a perda de peso, manter reeducação alimentar e atividade física como pilares da manutenção.
Avaliar, com o médico, a possibilidade de uso contínuo ou estratégias alternativas de manutenção.
Fatores comuns ao reganho de peso
Apesar das diferenças entre dieta, bariátrica e medicamentos, existem pontos em comum que explicam o fenômeno:
Biológicos: queda de leptina, aumento de grelina, adaptação metabólica.
Psicológicos: ansiedade, compulsão alimentar, baixa adesão a mudanças sustentáveis.
Sociais: ambientes obesogênicos, rotina corrida, fácil acesso a alimentos ultracalóricos.
Estratégias práticas para manter o peso perdido
Atividade física regular
Fundamental para manter o gasto energético e preservar massa magra.
O American College of Sports Medicine recomenda 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada por semana.
Alimentação balanceada
Priorizar proteínas magras, fibras, frutas, verduras e cereais integrais.
Evitar “calorias líquidas” como refrigerantes, sucos industrializados e álcool.
Sono de qualidade
Dormir menos de 6 horas por noite aumenta grelina e reduz leptina, favorecendo o apetite.
Controle do estresse
O cortisol elevado estimula o acúmulo de gordura abdominal e aumenta a vontade de comer alimentos calóricos.
Acompanhamento profissional contínuo
Nutricionista e médico ajudam a ajustar dieta, exercícios e, quando necessário, medicamentos de apoio.
Monitoramento constante
Pesagens semanais e avaliações de composição corporal ajudam a detectar pequenos ganhos antes que virem grandes.
Conclusão
O reganho de peso é um fenômeno comum e multifatorial, que pode acontecer após dietas, cirurgia bariátrica ou uso de análogos do GLP-1. Ele não deve ser interpretado como “fracasso”, mas sim como uma resposta natural do organismo em busca de equilíbrio.
Compreender os mecanismos por trás desse processo é o primeiro passo para combatê-lo. Mudanças sustentáveis no estilo de vida, associadas a acompanhamento médico e nutricional contínuo, são as chaves para evitar o efeito sanfona e garantir que a perda de peso seja duradoura.
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Excelente e detalhada abordagem sobre o reganho de peso pós-cirurgia bariátrica; quais são os marcadores psicológicos mais evidentes que um paciente deve monitorar para evitar a recidiva? Cordialmente <a href="https://jakarta.telkomuniversity.ac.id/en/lidar-sensors-on-drones-for-more-accurate-3d-mapping/">Telkom University Jakarta</a>