top of page
Buscar

Perda de peso após cirurgia bariátrica: o que esperar

tabela de perda de peso após cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica tem se consolidado como uma das intervenções mais eficazes no tratamento da obesidade grave, especialmente em pacientes que não obtiveram sucesso com métodos convencionais como dietas, medicamentos e exercícios físicos. Diversos estudos demonstram sua eficácia não apenas na perda de peso significativa, mas também na melhora ou remissão de comorbidades associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e apneia do sono [1].

Fases da perda de peso após bariátrica


Nos primeiros meses após a cirurgia, a perda de peso costuma ser mais rápida. Isso se deve à drástica redução da ingestão calórica, alterações hormonais e à limitação física do volume gástrico. Pacientes submetidos ao bypass gástrico ou à gastrectomia vertical (sleeve) frequentemente perdem entre 10% e 15% do peso corporal total apenas no primeiro mês [2]. Esse emagrecimento inicial intenso é amplamente documentado e representa um fator motivador importante no início do processo de mudança de estilo de vida.


A perda de peso tende a se estabilizar nos meses seguintes. No terceiro mês, pacientes geralmente perderam entre 20% e 25% do peso corporal. Por volta do sexto mês, essa perda pode chegar a 30% ou mais. A maioria atinge sua maior redução de peso entre 12 e 18 meses após a cirurgia [3]. O tipo de técnica cirúrgica utilizada influencia diretamente nos resultados. Por exemplo, o bypass gástrico tende a promover maior perda ponderal que o sleeve, devido ao seu componente disabsortivo [4].


Um critério amplamente utilizado para avaliar o sucesso da cirurgia é a porcentagem de perda do excesso de peso (EWL – Excess Weight Loss). A cirurgia bariátrica é considerada clinicamente eficaz quando o paciente atinge uma EWL superior a 50% no intervalo de 12 a 18 meses [5].


Contudo, o procedimento por si só não garante sucesso duradouro. A cirurgia deve ser encarada como uma ferramenta inicial, que deve ser acompanhada de mudanças profundas e permanentes nos hábitos alimentares, na prática de atividade física e no comportamento psicológico [6]. Dietas balanceadas, ricas em proteínas e pobres em açúcares simples, além de hidratação adequada, mastigação lenta e fracionamento alimentar, são pilares do sucesso a longo prazo [7].


Tabela da perda após bariátrica


Tempo após a cirurgia

Perda de peso média

Expectativas e cuidados importantes

1º mês

📉 10% a 15% do peso corporal total

Fase de perda intensa. Início da adaptação alimentar. Dieta líquida/pastosa. Foco em hidratação, proteína e suplementação.

3º mês

📉 20% a 25% do peso corporal

Começo da estabilização. Introdução gradual de alimentos sólidos. Apoio psicológico e início da atividade física leve.

6º mês

📉 Até 30% ou mais do peso corporal

Metas intermediárias alcançadas. Importante manter rotina alimentar equilibrada e atividade física frequente.

12 a 18 meses

📉 Maior perda de peso. EWL ≥ 50%

Fase de maior resultado. Cirurgia considerada eficaz se EWL ≥ 50%. Estabilização do peso. Início da avaliação para cirurgia reparadora se necessário.

2 a 5 anos

⚖️ Manutenção (com possível reganho)

20-25% dos pacientes podem ter reganho se não seguirem plano alimentar e físico. Manter acompanhamento com equipe multiprofissional é essencial.

Após 5 anos

✅ Manutenção de 50% a 70% da EWL

Resultados sustentáveis com adesão contínua. Riscos de deficiências nutricionais e dilatação gástrica se não houver seguimento regular.


Outros cuidados com a saúde no pós-bariátrica 


A atividade física regular, iniciada gradualmente e adaptada à capacidade do paciente, contribui para a manutenção da massa magra e otimiza a perda de gordura corporal [8]. O acompanhamento com educadores físicos, fisioterapeutas e médicos é essencial para garantir segurança e resultados consistentes.


O suporte de uma equipe multidisciplinar é indispensável. Nutricionistas desempenham papel crucial na orientação alimentar e na prevenção de deficiências nutricionais, especialmente em pacientes submetidos a técnicas disabsortivas [9]. Vitaminas do complexo B, ferro, cálcio, vitamina D e proteínas devem ser monitorados e, frequentemente, suplementados. Psicólogos são igualmente importantes, uma vez que transtornos alimentares, ansiedade, compulsão e baixa autoestima podem interferir no sucesso do tratamento [10].


Ao longo dos anos, é comum que ocorra algum grau de reganho de peso. Estudos apontam que cerca de 20% a 25% dos pacientes apresentam recuperação significativa de peso após 2 a 5 anos da cirurgia, sendo a maioria dos casos associada à não adesão ao plano alimentar, sedentarismo ou dilatação do reservatório gástrico [11]. No entanto, a maioria consegue manter entre 50% e 70% da perda do excesso de peso a longo prazo [12].


A percepção estética da perda ponderal é outro ponto relevante. A rápida redução do volume corporal pode resultar em flacidez cutânea em regiões como braços, abdômen, coxas e face. A cirurgia plástica reparadora, quando indicada, deve ser realizada após estabilização do peso, geralmente entre 18 e 24 meses após o procedimento bariátrico [13].

Os benefícios da cirurgia vão muito além da balança. A melhora de condições metabólicas é evidente, com altos índices de remissão do diabetes tipo 2, normalização da pressão arterial e redução de marcadores inflamatórios e lipídicos [14]. Além disso, observa-se melhora na fertilidade, qualidade do sono, mobilidade, saúde cardiovascular e bem-estar emocional [15].


Diversos pacientes relatam ganho significativo na autoestima, maior confiança social, retorno a atividades antes limitadas pela obesidade e melhora da qualidade de vida [16]. A reabilitação física e emocional é uma das maiores conquistas proporcionadas pela cirurgia, desde que o paciente mantenha engajamento com o processo terapêutico e siga em acompanhamento contínuo.


A individualização do tratamento é essencial. Fatores como idade, sexo, genética, tipo de cirurgia, grau de obesidade, presença de comorbidades e histórico emocional influenciam diretamente nos resultados. Por isso, a comparação entre pacientes pode gerar expectativas irreais e frustrações. O foco deve estar no progresso pessoal e na adesão consistente ao plano terapêutico.


Para garantir a manutenção dos resultados, é indispensável manter o acompanhamento clínico regular com a equipe multiprofissional, mesmo anos após o procedimento [17]. Essa vigilância permite a detecção precoce de possíveis complicações, deficiências nutricionais, recaídas comportamentais e outras alterações metabólicas.


A cirurgia bariátrica, portanto, representa uma oportunidade concreta de transformação de vida. Seu sucesso, porém, está diretamente ligado ao comprometimento do paciente e ao suporte contínuo da equipe de saúde. Quando essa parceria é bem estabelecida, os resultados são duradouros, abrangentes e profundamente impactantes — não apenas no peso corporal, mas na saúde, na autoestima e na qualidade de vida como um todo.


Ênio Panetti - CRM 52.56781-1





Referências Bibliográficas


  1. Buchwald H, Avidor Y, Braunwald E, et al. Bariatric surgery: a systematic review and meta-analysis. JAMA. 2004;292(14):1724-1737.

  2. Mechanick JI, Youdim A, Jones DB, et al. Clinical practice guidelines for the perioperative nutritional, metabolic, and nonsurgical support of the bariatric surgery patient—2013 update. Endocr Pract. 2013;19(2):337-372.

  3. Courcoulas AP, Christian NJ, Belle SH, et al. Weight change and health outcomes at 3 years after bariatric surgery among individuals with severe obesity. JAMA. 2013;310(22):2416-2425.

  4. Schauer PR, Kashyap SR, Wolski K, et al. Bariatric surgery versus intensive medical therapy for diabetes — 5-year outcomes. N Engl J Med. 2017;376(7):641-651.

  5. Brethauer SA, Kim J, el Chaar M, et al. Standardized outcomes reporting in metabolic and bariatric surgery. Surg Obes Relat Dis. 2015;11(3):489-506.

  6. Faria SL, Faria OP, de Almeida Cardeal M, et al. Behavior, dietary intake and anthropometric evaluation in weight regain after bariatric surgery. Obes Surg. 2010;20(2):135-139.

  7. Faria SL, Kelly E, Faria OP. Nutritional management of weight regain after bariatric surgery. Diabetol Metab Syndr. 2021;13(1):43.

  8. Dixon JB, O’Brien PE, Playfair J, et al. Adjustable gastric banding and conventional therapy for type 2 diabetes: a randomized controlled trial.


 
 
 

Comentários


​Ênio Panetti

Para receber nossas mais recentes dicas de saúde, assine abaixo

Obrigado por assinar!

© 2025 Ênio Panetti

Redes Sociais

Contato

(21) 3082-7624

WhatsApp

bottom of page