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O que o colesterol pode causar no organismo? Evidências médicas detalhadas

O que o colesterol pode causar no organismo

Você sabia que o colesterol alto pode causar uma série de problemas graves no organismo, como infarto, AVC e até demência? Entender o que o colesterol pode causar no corpo humano é essencial para prevenir doenças cardiovasculares, proteger a saúde do cérebro e preservar o bom funcionamento dos rins e do sistema imunológico. 


Neste artigo, o cardiologista Ênio Panetti lista evidências médicas detalhadas e atualizadas para explicar como o excesso de LDL (o chamado “colesterol ruim”) afeta cada sistema do corpo, os mecanismos envolvidos e as opções mais eficazes de tratamento. Se você quer cuidar da sua saúde de forma informada, continue a leitura:


Principais consequências do colesterol no organismo 


1. Aterosclerose e doenças cardiovasculares

O LDL‑colesterol elevado é o principal fator etiológico da aterosclerose. Ele penetra na íntima arterial, sofre oxidação e atrai macrófagos, formando células espumosas que constituem a base das placas ateroscleróticas^5,6. Essas placas podem evoluir, provocar estreitamentos vasculares e rupturas que levam a infarto e AVC^6,12. Estudos como o Pooling Project, Framingham e Seven Countries confirmam a relação entre 20 mg/dL (~0,5 mmol/L) a mais de colesterol total e 12% a mais de mortalidade coronariana^1,22.


1.1 Infarto do miocárdio e angina

Bloqueios coronarianos causados por placas instáveis levam a angina e infarto, conforme evidências de grandes estudos de coorte^5,6.

1.2 AVC isquêmico

A aterosclerose de carótidas e artérias cerebrais está associada ao AVC isquêmico, comprovado por múltiplas coortes e revisões clínicas^5,6.

1.3 Doença arterial periférica

Placas nas artérias dos membros inferiores reduzem o fluxo sanguíneo, causando claudicação (dor nas pernas ao caminhar), úlceras e risco de amputações^5.



2. Disfunção endotelial

O LDL oxidado danifica diretamente o endotélio, reduzindo a produção de óxido nítrico e promovendo inflamação vascular crônica^6,7. Isso leva à rigidez arterial, contribuindo para a hipertensão e sobrecarga cardíaca.



3. Efeitos no coração

A hipertensão arterial devido à aterosclerose causa remodelamento cardíaco (hipertrofia do ventrículo esquerdo), aumentando o risco de insuficiência cardíaca e arritmias^7.



4. Impacto no cérebro e na função cognitiva

4.1 Comprometimento cognitivo

Calcificação subclínica em artérias coronárias e aorta abdominal está associada a pior desempenho cognitivo em adultos de meia-idade, como revelou o estudo CARDIA^1, mostrando vínculo entre placas e queda da velocidade psicomotora e memória verbal.

4.2 Demência

Pacientes com aterosclerose e insuficiência cardíaca têm risco aumentado de demência^9. A aterosclerose cerebral está frequentemente associada à doença de Alzheimer em autópsias^9.

4.3 Níveis elevados de colesterol no mid-life ligados à demência

Estudo coreano com 571 000 participantes mostrou que LDL < 1,8 mmol/L associou-se a redução de 26% no risco de demência e 28% na doença de Alzheimer^13,14.



5. Doença renal

A obstrução das artérias renais por aterosclerose leva a hipertensão renovascular e disfunção renal. Pacientes com Doença Renal Crônica e aterosclerose têm maior risco de déficit cognitivo^9.



6. Sistema imunológico e inflamação

A aterosclerose é uma doença crônica inflamatória. LDL oxidado ativa macrófagos e células imunes, promovendo inflamação vascular e perpetuando hiperlipidemia^7, permanecendo como base da chamada “hipótese imune‑metabólica”.



7. Lipoproteínas remanescentes e Lp(a)

VLDL e remanescentes de lipoproteínas são aterogênicos, estimulando inflamação e formação de placas^3,12. A lipoproteína(a) é geneticamente determinada e associada a inflamação vascular e trombose, representando risco além do LDL^3.



8. Hipercolesterolemia familiar

Pacientes com mutações no receptor de LDL acumulam quantidades elevadas de LDL desde cedo. Isso leva a aterosclerose precoce, infartos e morte prematura se não tratados^5,10.



9. Precisão terapêutica


9.1 Estatinas

Reduzem o LDL e têm efeito antiinflamatório, comprovado pela diminuição de eventos cardiovasculares e proteína C-reativa^5,7.

9.2 Outras terapias

Ezetimiba e inibidores de PCSK9 agregam benefício adicional ao tratamento^3,11.

9.3 Anti-inflamatórios direcionados

O estudo CANTOS com canakinumabe (inibidor do IL-1β) mostrou redução de eventos cardiovasculares, reforçando o papel da inflamação^10.



Importância da abordagem ao longo da vida


A exposição prolongada ao LDL elevado é cumulativa. Moldes de LDL desde jovens predispõem a doença, conforme estudado em coortes como Framingham, com risco 5x maior em trajetórias com LDL persistente elevado^5.

Em outras palavras, o colesterol elevado, especialmente LDL e remanescentes, promove:

  • Aterosclerose e eventos cardiovasculares (IAM, AVC)

  • Disfunção endotelial e hipertensão

  • Insuficiência cardíaca e arritmias

  • Déficit cognitivo e demência

  • Doença renal e vascular periférica

  • Inflamação crônica sistêmica

As evidências são robustas e vindas de estudos epidemiológicos, genéticos e ensaios clínicos. Reduzir o LDL via mudanças no estilo de vida e medicação é a estratégia mais eficaz para prevenir essas complicações.

Manter os níveis de colesterol sob controle é essencial para proteger o coração, o cérebro e todo o organismo contra doenças silenciosas, mas graves. A boa notícia é que, com o acompanhamento certo, é possível prevenir complicações e melhorar vários marcadores da saúde cardiovascular — como colesterol, triglicerídeos e pressão arterial.

Se você quer cuidar melhor do seu coração e receber orientações personalizadas, agende uma consulta online com um profissional de saúde. Com um plano ajustado ao seu estilo de vida, fica muito mais fácil conquistar mais qualidade de vida e bem-estar no dia a dia.


Ênio Panetti - CRM 52.56781-1



Referências

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Reis JP et al. Subclinical atherosclerotic calcification and cognitive functioning in middle-aged adults: the CARDIA Study. Atherosclerosis. 2013;231(1):10‑16.

Gidding SS, Allen NB. Cholesterol and Atherosclerotic Cardiovascular Disease: A Lifelong Problem. J Am Heart Assoc. 2019;8(11):e012924.

The Role of Lipids and Lipoproteins in Atherosclerosis. Curr Opin Lipidol. 2016;27(5):429‑34.

Ridker PM et al. CANTOS trial: IL‑1β inhibition reduces CV events. N Engl J Med. 2017;377(12):1119‑31.

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Carlsson CM et al. Polyvascular atherosclerosis, renal dysfunction, and cognitive impairment. Eur J Med Res. 2024;29(1):17.

Seven Countries Study: relationship cholesterol–CHD risk over 40 anos. Acta Cardiologica. 1999.

Zhao Y et al. Mendelian randomization: LDL-cholesterol lowering and diabetes risk. AHA J. 2024. ()

Beyond Cholesterol: emerging risk factors. J Clin Med. 2023;14(7):2352.

Kim MJ et al. LDL <1.8 mmol/L reduz risco de demência em 26%. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2025.





 
 
 

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