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Exames cardiológicos: o que são, quais os principais e quando fazer

exames cardiológicos

As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no mundo. No Brasil, estima-se que mais de 380 mil pessoas morram por ano por complicações do coração e da circulação [1]. A boa notícia é que muitos desses eventos podem ser prevenidos com hábitos saudáveis, acompanhamento médico e a realização de exames cardiológicos nos momentos certos.

Neste artigo, você vai descobrir o que são os exames cardiológicos, quais são os principais, quando é indicado realizá-los, o que eles avaliam e por que são tão importantes para a saúde do coração. Todas as informações estão baseadas em evidências científicas e nas principais diretrizes médicas, como as da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), American College of Cardiology (ACC) e European Society of Cardiology (ESC).


O que são exames cardiológicos?

Exames cardiológicos são testes clínicos, laboratoriais ou de imagem que avaliam o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos. Eles ajudam a detectar doenças como hipertensão, insuficiência cardíaca, arritmias, obstruções coronarianas, valvopatias e outras condições cardiovasculares [2].


Quando é indicado fazer exames cardiológicos?

A indicação de exames depende do contexto clínico do paciente. Segundo a Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, eles são recomendados nas seguintes situações [3]:

  • Presença de sintomas cardíacos, como dor no peito, falta de ar, palpitações ou desmaios

  • Avaliação de pacientes com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e dislipidemia

  • Acompanhamento de quem já teve infarto, AVC, insuficiência cardíaca ou arritmias

  • Avaliação pré-operatória de cirurgias de risco intermediário ou alto [4]

  • Início de atividades físicas vigorosas, especialmente em pessoas com fatores de risco

  • Avaliação de desempenho cardiovascular em atletas

  • Exames periódicos em pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares

👉 Importante: pacientes assintomáticos, mesmo com fatores de risco, não devem realizar teste ergométrico ou angiotomografia de coronárias de forma rotineira [3,5,6].



Principais exames cardiológicos

Conheça os exames mais usados, suas indicações e base científica:


1. Eletrocardiograma (ECG)

O ECG registra a atividade elétrica cardíaca e é indicado para investigar sintomas como dor torácica, arritmias ou alterações no ritmo cardíaco [2].


2. Ecocardiograma

O ecocardiograma é fundamental para avaliar a estrutura e a função do coração, especialmente em casos de sopro, insuficiência cardíaca ou valvopatias [7].


3. Holter 24h

Indicado para avaliação de arritmias intermitentes e sintomas como tonturas ou palpitações [8].


4. MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial)

O MAPA é recomendado para confirmar diagnóstico de hipertensão e avaliar controle pressórico em 24 horas [9].


5. Teste ergométrico (teste de esforço)

Deve ser usado para avaliar sintomas de esforço, risco cardiovascular em pacientes com DAC conhecida e investigação de arritmias provocadas pelo exercício [3,6,10].

❗ Não é indicado como exame de rastreamento em pacientes assintomáticos, mesmo de alto risco, conforme a USPSTF, ACC/AHA e SBC [3,5,6].


6. Cintilografia miocárdica

A cintilografia é indicada na avaliação de isquemia miocárdica em pacientes com sintomas e risco intermediário ou alto [10,11].


7. Escore de cálcio coronariano

Recomendado para pacientes assintomáticos com risco intermediário, como diabéticos ou dislipidêmicos, para aprimorar a estratificação de risco e orientar decisões preventivas [12,13].


8. Angiotomografia de coronárias

Indicada para pacientes com dor torácica estável e risco intermediário de DAC, quando o teste funcional é inconclusivo [14].

❗ Não deve ser usada para rastreamento em indivíduos assintomáticos, conforme ACC/AHA e SBC [3,5,14].


9. Cateterismo cardíaco

Exame invasivo usado para confirmar e tratar obstruções em pacientes com infarto, dor torácica de alto risco ou exames não invasivos alterados [2,10].



Qual exame devo fazer?

A escolha depende da história clínica, sintomas, fatores de risco e da estratificação de risco cardiovascular global [3].

Resumo:

  • Assintomáticos de baixo risco: não necessitam exames específicos

  • Assintomáticos de risco intermediário: podem se beneficiar de escore de cálcio coronariano [12]

  • Sintomáticos: devem ser avaliados com ECG, ecocardiograma, testes funcionais (como teste ergométrico ou cintilografia) ou anatômicos (angiotomografia), conforme o caso [3,10]



Com que frequência fazer exames cardiológicos?

Não existe uma regra única, mas as orientações gerais incluem:

  • ECG e avaliação clínica anual a partir dos 40 anos para homens e 50 para mulheres [3]

  • Pacientes com hipertensão, diabetes ou dislipidemia: acompanhamento frequente com exames dirigidos [9]

  • Pós-infarto ou com insuficiência cardíaca/arritmias: seguimento regular com ECG, ecocardiograma e testes funcionais conforme indicado [10]



Exames cardiológicos são seguros?

Sim. A maioria é não invasiva, segura e bem tolerada. Exames com contraste iodado (angiotomografia) ou radiação (cintilografia) exigem avaliação individualizada. O cateterismo é reservado para casos bem definidos, por ser invasivo [3,10,14].



Conclusão

Os exames cardiológicos são ferramentas indispensáveis para proteger a saúde do coração. Quando bem indicados, ajudam a diagnosticar doenças precocemente, prevenir infartos e orientar tratamentos. Por outro lado, exames feitos de forma indiscriminada — especialmente em pacientes assintomáticos — podem levar a diagnósticos desnecessários, exames invasivos e riscos evitáveis [3,5].

A decisão de realizar exames deve ser feita em conjunto com o cardiologista, considerando os sintomas, o risco cardiovascular e os objetivos do cuidado. A prevenção, o estilo de vida saudável e o acompanhamento regular ainda são as melhores estratégias para um coração saudável.


 

Ênio Panetti - CRM 52.56781-1



📚 Referências

  1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Cardiômetro SBC. Disponível em: https://www.cardiometro.com.br

  2. Maron BJ, et al. Assessment of the 12-lead ECG as a screening test for detection of cardiovascular disease in healthy general populations. J Am Coll Cardiol. 2007;50(24):2273-2279.

  3. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de Prevenção Cardiovascular – 2022. Arq Bras Cardiol. 2022;118(1):1-104.

  4. Kristensen SD, et al. 2014 ESC/ESA Guidelines on non-cardiac surgery: cardiovascular assessment and management. Eur Heart J. 2014;35(35):2383-431.

  5. US Preventive Services Task Force (USPSTF). Screening for Coronary Heart Disease With Electrocardiography. Ann Intern Med. 2012;157(7):512–518.

  6. Gulati M, et al. 2021 AHA/ACC/ASE/Chest/SAEM/SCCT/SCMR Guideline for the Evaluation and Diagnosis of Chest Pain. J Am Coll Cardiol. 2021;78(22):e187–285.

  7. Lang RM, et al. Recommendations for chamber quantification. Eur J Echocardiogr. 2015;16(3):233-271.

  8. Task Force of ESC. Guidelines for ambulatory ECG and BP monitoring. Eur Heart J. 2013;34(23):1703-1720.

  9. Sociedade Brasileira de Cardiologia. VI Diretriz de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2010;95(1 supl 1):1-51.

  10. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de Doença Arterial Coronariana Estável. Arq Bras Cardiol. 2014;103(6 supl 2):1-59.

  11. Hachamovitch R, et al. Prognostic value of myocardial perfusion imaging in women. Circulation. 1998;97(5):484–492.

  12. Greenland P, et al. Coronary Calcium Score and Risk Prediction. JAMA. 2018;319(23):2411–2418.

  13. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2017;108(1 Suppl 1):1-76.

  14. Cury RC, et al. CAD-RADS™: Coronary Artery Disease - Reporting and Data System. J Cardiovasc Comput Tomogr. 2016;10(4):269–281.

 
 
 

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